segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Carta vinda de um animal, nosso irmão Menor, para você.




"Meu irmão:
Dizes ser criado à imagem do Senhor da Vida, e afirmas que Ele é Amor: estende-me, então, migalha desse amor.
És a única divindade que minha consciência conhece; serias meu senhor, amparando-me como fazem contigo teus Irmão Maiores. Entretanto, depois que te sirvo com carinho, exiges meu holocausto. És uma divindade implacável; por que semeias de dor o teu mundo?






Diante de meu cadaver que vais sepultar no estômago, transformando-o em cemitério, a benção da Vida te abandona, porque a violentaste. A doença e o desequilíbrio são tua herança, enquanto insistes em decompor meus despojos em teu interior.
Ainda hoje contemplarás meu humilde corpo disfarçado em petisco a tua mesa. Olha-me bem: por traz dele perceberás meu vulto sacrificado, meu olhar de agonia, e meu queixume dolorido na dor atroz do massacre.


E lembrarás que fui um ser vivo, capaz de sentir, de aprender, de amar!
Dá-me um lugar a teu lado, enquanto sou humilde e indefeso.
















A terra generosa te oferece o sustento sadio. Rogo-te, por misericordia, que não escutes a mentira cruel de que é necessário devorar-me para subsistir.

Meu sangue inocente derramado diariamente brada aos Céus contra ti, e nunca terás Paz sobre a Terra , Irmão Maior, enquanto a mantiveres encharcada de sangue.



Tem compaixão de mim, e o Senhor da Vida te recompensará com o mundo fraterno que sonhas há milênios.





Obrigado, meu Irmão!
Que nosso Pai te abençoe. Ofereço-te meu amor, e as dádivas carinhosas de minha lã, meu suor e minha dedicação; de minha lealdade para assistir e minha ternura para te enfeitar a vida.

Sou o Animal, Teu irmão Menor."